quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cadência

Tem momentos que a convivência comigo mesma se torna simplesmente insuportável. O ideal seria sair de mim e, de fora, nem tomar conhecimento que eu existia. Meus desejos anseios e defeitos não seriam meus. Eu seria apenas uma outra coisa que, não necessariamente observaria, mas que incondicionalmente seria liberta. A angústia, a necessidade de sempre se suprir estariam cadenciados com o por do sol. Fosse assim talvez, existiria uma introspecção latente apenas do que é agradável ao olhar e ao que representamos diariamente.


Ainda me pego pensando em como é grande a necessidade se fingir. De sermos hipócritas e de cuspirmos na possibilidade de ser feliz. O esgotamento das minhas energias não me permite ancorar em porto algum. Estou submersa em águas de algum oceano perdido. Agora, só consigo enxergar à miragem ondulada, o calor fumegante, a sede do deserto e o brilho do meu sol que teima em queimar minhas esperanças e me põe na boca o sabor amargo da minha convivência.

1 comentários:

Sabrina Valença disse...

lindo texto, erikinha.

13 de maio de 2011 às 18:31
 

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